Contos Sombrios



Caminhava ele, sozinho, como sempre, vagando pelas ruelas de uma cidade em frenesi. Pensava em qual caminho seguir? Não, isso nunca o preocupou, sempre seguindo a maré, acabou entrando neste mundo por simples capricho do destino.
 Três dias atrás tinha encontrado um deles, era uma garotinha. Matá-la deixou marcas. Não se engane ele não queria se livrar delas, ele queria deixar que elas se agarrassem a sua alma, assim se sentiria humano, remorso era o único sentimento válido em seu corpo. Apenas uma carcaça oca e sem propósito.
O motivo para caçá-los? Por muitos momentos nem se lembrava de qual era. Conversa antiga, ele não se importava mais com isso, apenas fazia o que fazia.  
Naquela noite em especial estava melancólico como não estivera em dias. Foi ao bar, no porto, lugar nojento, imundo, apenas os vermes excluídos pela metrópole frequentavam. Não fazia mal, afinal era um deles. Encharcado de uísque, saiu horas depois, vagando novamente.
Consigo uma estaca e uma arma calibre 22, proteção, contra os vivos e contra os mortos. Estava na metrópole fazia anos, conhecia muito bem a noite interminável que a dominava, sabia muito bem onde encontrá-los e dar cabo sem ser descoberto. Nunca conheceu quem fizesse o mesmo que ele, mas conheceu muitos que se entregaram ao prazer que eles ofereciam. Nos clubes da cidade era fácil ver jovens se drogando e sendo levados para o lado obscuro dessa cidade, na verdade ele não sabia se ainda existia outro lado.
Uma duvida o atormentava: CAÇAR? A voz em sua cabeça dizia para julgar e punir todos os malditos responsáveis por levar aquela garotinha, a voz de sua consciência já quase inexistente, dizia que hoje não era um bom dia para ir atrás deles. A razão não foi ouvida, mas qual era a razão para ele? Qual era o limite do certo e do errado? Não sabia mais diferenciar essas coisas mundanas, deixara de ser sensato á muitos anos atrás. Caçar é pesado, doloroso, apesar de não serem humanos agora, já foram, um dia, e provavelmente estavam daquele jeito por culpa de algum imortal sádico que transformava até menininhas.
Uma busca no local onde encontrou a garota, uma ida ao bar mais frequentado, já tinha as pistas que precisava. Era experiente. Descobriu que a garota fazia parte de um grupo que vivia próximo ao subúrbio, presa fácil. A maioria deles vivia sozinha, mas em alguns casos grupos eram formados, talvez por que a imortalidade é solitária? Não sabia, e também não se importava. Matá-los era o que o mantinha em pé.
Foi ao local, estava vazio, mas ao canto de um dos quartos algo chamava atenção. Um braço, ele não se surpreendeu a principio, mas ao ver os restos do corpo espalhados pelo local, ficou furioso. Já tinha visto muitas bizarrices praticadas por eles, mas era um corpo de uma garotinha, assim como a garota que matara dias antes. Perguntava-se, se tirou a vida de uma criança viva, cego pelo ódio aos imortais.
Os rastros do covil o levaram até um beco não muito longe dali. Era um beco cercado por prédios enormes, apenas uma porta em uma das paredes. Espreitou pelo local, e como um passe de mágica, já estava dentro do local. Um cheiro insuportável tomava conta dali, a visão ainda desacostuma a escuridão total, ouvia gemidos de prazer. Rapidamente tratou de esconder a sua presença aqueles amaldiçoados eram muito sensitivos. Se tornou neutro e imperceptível. Caminhou pelo local a medida que sua visão se acostumava, encontrou várias portas trancadas e um barulho dentro delas, no geral eram gemidos, mas algo chamou atenção.
_Vamos, não deixe sua princesa esperando!
_Mas...er...mas...eu nunca fiz isso...
Não aguentou, arrombou a porta. Não podia acreditar no que via, simplesmente parecia impossível. Montado sobre o corpo de um homem, estava a garotinha que matara três dia atrás, sugando seu sangue, enquanto era sugada por outro deles. Não teve reação. A voz que dizia sempre MATE! MATE! Agora não dizia nada. Ele entrava em colapso, em sua mente tudo era esclarecido, seu erro, tentou matar uma garota pensando ser um daqueles malditos imortais, porém a vida não se esvaiu do seu corpo, algum daqueles malditos havia transformado a jovem menina.
_MATAR! MATAR! MATAR! MATAR! MATAR! MATAR! MATAR! MATAR! MATAR! Começou a gritar, enquanto tirava do bolso a estaca e partia pra cima.
Com um golpe da estaca, o primeiro virou sangue espalhado pelo chão. Voltou-se para a garotinha dizendo.
_MALDIÇÃO! ERRO! ERRO! ERRO! MORTE! MEREÇO!
Sacou a 22 que estava na cintura, colocou-a sobre a cabeça. PAAAM! Um tiro roubava sua vida. Por um momento sentiu a libertação, pois em sua cabeça não havia vozes e em  seu peito nada de dor.
_Pobre criança! Tirou a vida ao pensar ser culpado por minha existência, mas devo parabenizar pelo que fez por minha metrópole, limpou as ruas daqueles que não respeitam as leis que criei. Venha! Você não merece morrer ainda, vamos caminhar mais uma vez por este mundo, venha lhe darei vida e propósito, verás que a morte é uma dádiva...
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Digamos que a noite sempre surpreende aqueles que a subestimam, e também aqueles que a superestimam. Digamos que a cidade sempre vai surpreender a qualquer um.
Nunca pensei que essa selva de pedra, solitária, amontoada de dor e julgamento, fosse fazer florescer algo tão belo quanto nossa imortalidade vinda da escuridão. Não creio que coisas belas venham da luz, afinal não sei mais como é a luz de uma manhã, já se foram tantos anos desde que vi um amanhecer.
Nem sempre vivi por aqui. Os velhos castelos, antigas cidades e montanhas isoladas eram meu lar antes de encontrar essa terra. Neste lugar mágico encontrei a verdadeira faceta da minha existência, e acredite em mim ela não é nada bela. As noites não são monótonas num lugar tão agitado, nunca se está entediado por aqui, e acredite em mim, tédio é tudo que lhe resta após alguns séculos.
_Nesta noite venho ate você. Para lhe contar uma historia? Não se iluda, não estamos falando de um roteiro de cinema. Nesta noite irei tirar sua vida. Não chore, você vai ver que a vida é tão fina e leve quanto um fio de cabelo e que não é nada doloroso romper este fio. Fique comigo até o fim dessa noite e me diga se prefere viver ou morrer, confesso que não vai fazer diferença, mas convido-o a tentar. Foi o que disse a fera a sua presa.
Vagarosamente foram os dois ao beco antigo e podre do bairro ao norte do centro. No beco havia uma porta e nessa porta um imenso homem de terno segurando um bastão. Lhes deu passagem, não fez perguntas. Dentro do lugar funcionava uma espécie de clube. Era uma casa noturna para gostos como posso lhes dizer, “exóticos”. Pessoas iam ao local para sentir a presa da morte cravando em seus pescoços, sugando o que lhe corre pelas veias, deixando apenas o leve fio que envolve a vida e a morte. Apreciavam sentir essa emoção, quase morrer, engraçado como a cidade incita esse tipo de coisa.
Sentindo um medo tão infinito, ele não conseguia correr ou mesmo se mover, só seguia a besta sabendo do seu destino, era inevitável. Dentro da casa noturna, havia uma pequena sala dentro de uma pequena sala, e no fim dela havia uma porta, essa porta dava para o salão principal de um grande e conhecido hotel da cidade. Seus olhos mal conseguiam acreditar no que viam. A besta seguiu andando pelo Hall do lugar e se encontrou com outra pessoa estranha e enigmática, foram aos aposentos do vigésimo andar. Uma reunião ali se iniciava, pessoas estranhas em velhos ternos, com rostos pálidos e pele branca, fumando grandes charutos e bebendo uma bebida vermelha e viscosa. Discutiam política, esportes, economia, tudo que tinha influência na vida comum da cidade foi dito dentro daquela sala, ele não sabia quem eram, mas sabia que eles mandavam naquela metrópole.
Saíram da reunião e foram ao porto, dizia a besta que um encontro havia marcado ali. Uma linda jovem surgiu, cabelos negros, longo vestido, linda. A besta não lhe disse uma única palavra, puxou-a pelo braço, mordeu seu pescoço. Ele nada pode fazer. Pobre garoto não podia salvar nem sua vida quem dirá uma vida alheia. A garota foi embora aparentemente fraca enquanto a feição da besta mudava de um velho e moribundo homem, para um jovem e apresentável rapaz.
A besta veio até ele, lhe ofereceu a mão, enquanto dizia que poderia lhe dar outra vida, dizia que poderia ser imortal. Não acreditou, gritou pela primeira vez desde que foi abordado, esforço inútil. A besta cravou suas presas no pescoço do rapaz que viu sua vida se esvaindo em questão de segundos. Como num urro de terror, uma mistura de dor e compreensão, ele gritou dizendo.
_Faça!
A besta não hesitou em tirar cada gota de sangue do corpo daquele jovem. Enquanto a morte se apoderava do garoto outro lado da mesma moeda lhe dava nova vida. Uma gota de sangue em sua boca e o beijo de um imortal em sua alma. Renascido, dentro de poucas horas acordaria com uma grande fome e muitas perguntas.
A cidade sempre linda, metrópole de muitas facetas. Para quem vive na escura e velha face deste lugar uma noite pode ser tudo como também pode ser nada. Uma noite é tudo que temos pela frente, sim e talvez não, a imortalidade é uma benção carregando uma maldição, pois o tédio, ele acaba triunfando no final tudo.
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Dizia ela pelo amanhecer de nossa noite que naquele dia em particular iria procurar um homem de pele escura e olhos azuis, excêntrico eu disse a ela.
Saímos do covil quando o sol já não fazia parte do dia. Fomos ao velho e caído clube de sempre, tomamos as mesmas bebidas mórbidas e caídas que tomávamos todas as noites e voltamos a olhar ao redor a procura de carne fresca, afinal a diversão ainda estava por vir. Ela sempre gostou mais da diversão do que eu, sempre fui mais careta, só me alimentava e não aproveitava muito o “momento”. Ela dizia que eu parecia um velho ancião que se cansou da noite e virou uma barata em um velho castelo no antigo continente. Isso não me afetava muito, de certa forma era verdade, minha alma era velha mesmo antes de eu ser banido da luz do dia, uma antiga alma em um corpo jovem, coisa feia, uma criança ainda com tanto pela frente, mas não fazia muito para aproveitar sua inocência. Quando fui trazido à escuridão ainda era jovem, apesar de não ser um exemplo de vontade tinha meus objetivos, eu era um jornalista, bom eu era um estudante de jornalismo.
Saímos do bar, acompanhados, duas lindas jovens, cabelos pintados e roupas transadas. Fomos ao beco atrás do bar, supostamente para darmos uns amassos. Eu não gostava de fazer aquilo daquela maneira, era mecânico e grosseiro demais, mas ela dizia que era o jeito mais fácil e limpo de se fazer. Deixamos novamente duas pessoas em um beco, sem saberem o que lhes aconteceu e como cortesia uma forte dor de cabeça no dia seguinte.
A cidade era linda a noite, e sempre receptiva a quem gosta de ousar, acho que a definição de metrópole encaixa bem nessa cidade. Não era minha terra natal, sou nativo de um lugar muito além dessa selva de pedra, cidade pequena, interior eu acho, nunca me importei muito com isso.
Ela insistia na história do homem negro de olhos azuis, embora eu alertando que seria perda de tempo. Fomos a uma boate na zona central da cidade, lugar badalado, sempre rondado por um ou dois de nós, sempre cheio de pratos fáceis e refeições rápidas, perfeito para quem gostava de discrição. O segurança era conhecido e amigo próximo dela, sempre foi receptivo e nos deu passagem ao clube. Ela sempre animada, para alguém à tanto tempo na noite ela parecia mais como uma criança numa loja de doces, não uma idosa como deveria, nesse ponto nossas almas eram invertidas, dupla estranha? Também acho.
O interior do clube tinha um clima pesado, músicas desconexas e iluminação fraca davam ao lugar o estilo gótico que virou moda, por essas bandas, jovens se trajavam de preto, látex e couro faziam parte do visual, maquiagem pesada e um gosto exótico, eles se achavam seres da noite, pobres coitados não faziam ideia do que lhes rondava escondido nas sombras. A vontade fala mais do que a razão hoje em dia e aquele lugar incitava o querer e deixava de lado o pensar. Logo que entramos, dois garotos com brincos pelo rosto e alargadores bizarros nas orelhas começaram a nos farejar, sim eles vieram nos cheirando, achei estranho, mas ela como sempre adorou aquilo. Foi logo dando um beijo na boca de um deles, o garoto ficou em choque, penso que ele em toda sua pose nunca imaginou que algo assim viesse a ocorrer.
Fomos ao centro da pista, a música não agradava aos ouvidos, pareciam gemidos ao som de batuques indígenas, mas ela gostava e queria dançar, eu como de costume não sabia dizer não, então dançamos por algum tempo, coladinhos, como amantes, mas não se engane, nossos corpos são gelados, e não é exatamente agradável ao toque.
Ela foi puxada pelo ombro, quando me dei por conta, já estavam longe. Acompanhada do dono da casa noturna, subia as escadarias para o segundo andar do local, segui andando na direção deles, mas algo mais interessante me chamou a atenção. Era um casal vestido em roupas comuns, tinham cara de ser bem monótonos e não combinavam nada com o clima do local, fui em direção deles e pude perceber a mulher suspirando e se contorcendo por me ver, não poderia ser por outra pessoa, ela olhava no fundo da minha alma. Fui até ela, muito mais por instinto do que por razão, eu disse que o lugar instigava. Ela suspirou fortemente quando sentei ao seu lado, o marido não disse nada, ficou estático me olhando, parecia querer um pedaço também, não demorou muito, saímos da casa noturna, fomos em direção a casa deles. Não chegamos até o local é claro, tudo foi consumado dentro do carro do casal, em um gueto da cidade, lugar pouco trafegado. A mulher, eu não pude resistir ao toque e ao perfume que exalava e que para mim era tão amplificado que exaltava a sua beleza interna e escondida por um casamento fracassado. O homem não queria perder a brincadeira, então tive que fazê-lo sentar e esperar. O prazer de beber o néctar é diferente quando você se envolve com a presa, não tratando apenas como comida. É uma experiência raramente aproveitada por meus semelhantes.
Deixei os dois desacordados e confusos no carro e voltei pro clube, ela estava de novo na pista, agarrada a um jovem mulato de olhos azuis que brilhavam e refletiam a fraca luz do recinto. Ela havia conseguido novamente, sempre me questionei como ela fazia aquilo.
A noite terminou como qualquer noite para nós, saciados. A metrópole nos oferece tudo que precisamos e isso se comprova no numero de gente como nós na cidade. A noite cedia e dava lugar a luz do sol, era hora de voltar para o covil antes de virar frango frito, melhor dizendo morcego frito.
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Anna me contou toda a história de sua vida e morte. Viveu num tempo difícil, nascida de um amor ardente que após anos se transformou em um ódio crescente, passou a vida cuidando da terra e do gado, não tinha tempo para coisas fúteis como amores ou diversão, a cobrança de sua família era grande e ela não arriscaria irritar o pai. A vida de Anna muda totalmente ao encontrar no fundo de uma caverna um velho caixão e um homem pálido dentro dele com uma estaca em seu peito.
Quando removeu a estaca Anna não fazia ideia do que aconteceria e o que aconteceu foi o algo além de sua imaginação. Do caixão o homem se ergueu, parecia sedento, faminto, não tinha brilho no olhar e sua pele ressecada, devia estar ali por muito tempo. O homem não disse uma palavra, apenas levantou-se e foi saindo da caverna, voltou correndo rapidamente, o sol tinha queimado sua pele e ele parecia temer muito a luz do dia.
Dias foram se passando e o estranho homem parecia melhor a cada noite, claro ela só o via nas noites que encontrava uma forma de sair da sua casa, ele não permitia que o visse durante o dia, ela não entendia, mas também não fazia questão de questionar. Com o tempo o homem passou a falar e foi ficando mais vistoso, a cor voltava ao seu rosto aos poucos e seus olhos estavam brilhando novamente. Anna ia visitá-lo sempre que podia, era seu único amigo e no fundo ela alimentava uma paixão.
Estranhos ataques de animais começaram a ocorrer nas redondezas, um dia uma mulher teve seu sangue sugado até a morte, no outro um rapaz foi deixado à beira de uma estrada com marcas de mordidas no pescoço. A igreja dizia ao povo para se trancarem em casa durante a noite e não deixar nenhum visitante suspeito entrar enquanto secretamente trabalhava para erradicar o perigo ali presente.
Consequentemente Anna descobriu sobre o homem, ele era um vampiro. O fato não mudou muito no relacionamento dos dois, Anna apaixonada, o homem começou a se envolver também, não é uma tarefa fácil resistir à beleza de Anna. Foram construindo um relacionamento, raramente Anna passava as noites em casa, estava sempre fugindo pelos fundos para se encontrar com seu amante, foi numa dessas escapadas para namorar que algo aconteceu. Anna e o homem caminhavam pelos campos enquanto ela tagarelava sobre coisas sem sentido, algo digamos bem comum em um casal apaixonado, quando então homens em seus cavalos com tochas na mão surgiram cercando-os e dentre esses homens surgiu um velho de barba branca,não tinha o olho direito, traços marcantes, Anna dizia nunca ter esquecido aquele rosto. Este homem era um caçador de seres sobrenaturais, conhecido de Elii, havia sido ele um dos principais motivos dele ter se trancado em um caixão e dormido por décadas.
Sem dizer uma única palavra o homem esfaqueou Anna e deu ordem para prender o vampiro, Elii tratou rapidamente de pegar Anna e correr o mais rápido possível, o caçador de vampiros não o alcançaria tão facilmente.
Anna estava pálida, o brilho desaparecia de seus olhos rapidamente, Elii mordeu seu próprio pulso e fez o sangue jorrar e deu para que Anna tomasse, ela recusou e disse uma frase que mudaria sua vida e também a minha.
_Faça-me como você!
Elii tomado pelo amor por Anna e pela vontade de viver eternamente ao lado dela, fez todo o ritual para se transformar alguém em um vampiro, mas era incerta a transição, Anna estava muito ferida e podia não dar certo. Bom, Anna se transformou em uma vampira, mas nem tudo tinha saído como planejado, ela não era mais a mesma, sua personalidade estava diferente e a garota que ela fora outrora estava morta.
Elii não conseguiu viver ao lado de Anna, ele havia se apaixonado por uma pessoa, mas essa era outra totalmente diferente. É claro que ele não abandonou um vampiro jovem, passou quase um século ao lado de Anna lhe ensinando tudo sobre o mundo dos amaldiçoados. Depois que sua cria já podia se virar sozinha Elii se ausentou com o propósito de procriar e construir uma família para carregar seu sangue amaldiçoado.
Anna passou anos em cidades vivendo em ninhos com outros vampiros, viveu anos no anonimato, até que por um desvio de percurso ela sugou o sangue de seus companheiros de ninho e foi sentenciada a verdadeira morte pelo príncipe de Paris, Luciel Hellsing. Ela não esperou ser caçada, foi ela quem caçou toda a autoridade maior de Paris. Dizimando o conselho e a guarda da cidade ela chegou aos pés do príncipe.
Luciel era um vampiro jovem e mantinha um ódio pela autoridade maior, responsável por dar a ele um cargo político que soava mais como uma piada. Anna sabia disso e se aproveitou, fez de Luciel um companheiro para um golpe de estado. Juntos idealizaram um atentado ao alto escalão de Londres que deu fama a Anna e colocou Luciel no alto circulo de poder da cidade.
Com a influência de Luciel, Anna sequestrou o chanceler maior do conselho de Londres e sugou seu sangue perante centenas de pessoas, humanos e vampiros em um famoso bordel da cidade, enquanto Luciel informava aos anciões à ameaça que o sangue Cassius representava. O conselho emitiu uma ordem imediata a todo continente Europeu, a ordem era trazer a cabeça da pecadora.
Anna teve que se refugiar fora das cidades por tempo indeterminado, viveu muitos anos entre os lobos no norte do continente, viveu em outros continentes, mas agora era hora de voltar, afinal algo grande estava para acontecer...
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Cansado de ser a piada de certa comunidade, um vampiro decidiu sair da cidadezinha onde vivia desde que ainda era vivo. Afinal a vida era difícil para alguém com os seus problemas e não precisava dos outros vampiros rindo por suas costas, e nunca gostou de ser motivo de chacotas.
Desde criança nunca foi muito lúcido, sua mente sempre lhe pregou peças, como na vez em que pensou que podia voar e acabou pulando de sua casa na árvore lhe rendendo uma vistosa cicatriz na testa que carregará pela eternidade. Ou quando pensou que a roupa do palhaço em sua festa estava em chamas, certamente um vexame para a família. Trancafiado em um sanatório, vivendo sobre a influência de remédios passou sua juventude, quando em uma tentativa de fuga acabou nos braços de um vampiro que simpatizando com sua causa lhe transformou em um ser da noite.
Depois de se tornar um morto-vivo, seus problemas ficaram mais sérios, de pequenos casos isolados, sua perda de lucidez começou a se tornar freqüente e uma voz sempre falava em alto e bom tom dentro de sua cabeça, além é claro dos eletrodomésticos e animais com os quais conversava.
Viveu sua vida como um homem do interior, não conhecia muito sobre as coisas fora de sua cidade, mas o desejo de ver grandes coisas sempre o tomava em sonhos mirabolantes, assim decidiu ir para a maior cidade que encontrasse no caminho.
Viajar a noite era fácil e tranqüilo além de ser muito simples de se alimentar, afinal hospedarias sempre estão cheias neste horário. Era um vampiro que não gostava da caçada, talvez por que ideia de perseguição lhe dava arrepios afinal sempre sentia que alguém o observava, provavelmente coisa da sua cabeça. Alimentava-se principalmente de pessoas adormecidas, idosos ou crianças, em geral bebia sangue de pessoas sem reação e vivia como um parasita. Seu estilo de vida era fortemente criticado por outros vampiros de sua localidade que sempre caçoavam dizendo que talvez um dia uma velha acordaria e o atacaria com sua bengala, gargalhadas sempre surgiam nessa hora.
Bom foi numa das primeiras noites de viagem que aconteceu algo inusitado e que estranhamente mudaria a sua não-vida. Entrou em uma pequena hospedaria dessas de beira de estrada, lugar bem sujo e acabado, foi ate o primeiro quarto que encontrou e abriu a porta, na cama estava deitada uma jovem de longos cabelos negros e tinha uma estranha mania de falar ao dormir. Encantado seus olhos regozijavam tamanha sorte de encontrar em lugar tão desolado uma criatura tão bela. A voz em sua cabeça dizia para ele sugar o pescoço da jovem, sua sensatez lhe dizia que havia uma enorme chance de algo dar errado, ele era um vampiro de pouca idade não sabia fazer coisas como hipnotizar alguém, então se a jovem acordasse seria um pesadelo. Mas como de costume sua sensatez não foi capaz de pará-lo e a voz da loucura comandava novamente. Lentamente foi escondendo sua presença e se aproximando do corpo da garota, um leve toque em seu rosto de pele macia e impecável simetria fez suas presas se mostrarem, tratou de fazer logo o que tinha que fazer e cravou suas presas no pescoço da dita cuja. Mas quando os sentidos nos dizem que algo vai dar errado é melhor ouvi-los, a garota se levantou da cama gritando em desespero, sem saber o que fazer o vampiro tratou de se esconder rapidamente, a garota meio sonolenta ainda disse em alto bom tom para que quem estivesse com ela no quarto se mostrasse, e que não tivesse medo, pois ela não era nenhum tipo de fera. A beleza fala alto em certas situações e ele foi se aproximando da garota aos poucos, com medo do que ela acharia de sua aparência pálida e sua cara de morto, estranho ele pensar assim afinal era um morto. Então ao se aproximar da moça ela mandou-o sentar na beira a cama próximo a ela que foi falando com sua voz suave:
_O que é você? Sei que não pode ser como eu ou qualquer outra pessoa, eu te vi nos meus sonhos antes de acordar!
Acontece que a mente do vampiro havia entrado na mente da garota e a feito sonhar com ele mesmo, somente a voz na sua cabeça para fazer tal coisa. Lerdo e péssimo pra lidar com pessoas como sempre foi não conseguiu dizer uma só palavra, irônico um vampiro tímido. Nunca esteve tão perto de uma mulher tão bela, melhor dizendo nunca esteve tão perto de mulher alguma fora sua mãe e as enfermeiras do manicômio onde passou sua adolescência. A garota com toda sua delicadeza passou a mão pelo rosto do vampiro bem devagar enquanto olhava no fundo de seus olhos, após anos sozinho era a primeira vez que alguém lhe tocava a pele, a voz na sua cabeça disparou a dizer coisas loucas e sem sentido. A garota levemente se aproximou e beijou o vampiro, nunca uma mulher havia o beijado antes, a voz na sua cabeça se calou. E por alguns segundos o vampiro se sentiu vivo novamente.
Eu gostaria de ficar por aqui e dizer que tudo terminou bem e que o vampiro viveu feliz, mas na manhã do dia seguinte um grupo de pessoas encontraram em uma casa abandonada em meio a mata um corpo pálido, parecia um homem morto, certamente era um homem morto, ao carregarem o corpo do vampiro para fora, sob a luz do sol sua eternidade teve fim ! 
Nada é eterno, toda forma de imortalidade na verdade é apenas uma trapaça contra o tempo. A mente do jovem vampiro ficou em um silêncio enlouquecedor, a ponto de qualquer um implorar para ter as vozes falando novamente.
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O homem de barba negra convocou todos à mesa dizendo ser hora de iniciar a reunião, ainda não estava entendendo muito do que acontecia ali. Ler as situações nunca foi uma habilidade que possuí mesmo depois de morto, digo morto-vivo. Anna me puxou pelo braço e nos sentamos.
_Conselho de Londres batendo em nossa porta! Alguém pode me explicar como isso pôde acontecer? Disse aquele que nos convocou.
_Meu senhor, o conselho enviou Hellsing e essa jovem criança de Anna para seguir nosso rastro. Disse Anita.
_Hellsing! Este é um nome que vampiro algum gostaria de ouvir, mas o destino gosta de brincar com vidas, quem diria que um caçador de vampiros se tornaria o que abomina! E o que temos aqui? Jovem criança de Anna, que apesar de ser abandonado manteve sua ligação de criado e guiou os vermes de Londres até nossas portas. Estamos ameaçados! Isso vem acontecendo durante séculos, burocratas que se dizem a autoridade nos caçam, dizimaram metade da nossa família! Digam - me como podemos deixar uma ameaça de tal porte bater em nossa porta? Retrucou o homem de barba negra.
_Elii! Deixe de ser dramático! Estamos acostumados a fugir, a história da nossa família foi escrita em fugas e lutas contra a autoridade, deixe q Luciel conte o que veio lhe contar, ele é de minha inteira confiança e meu garoto deixe que eu mesma trato dele! Gritou Anna em tom de deboche.
_Anna! Inconveniente e debochada! Nunca mudará minha criança? Mas devo concordar com suas citações, irei ouvir o que o vampiro Hellsing tem a dizer e deixar que esclareça a mente de sua cria. Tenham essa reunião por encerrada. Disse Elii.
As cadeiras na mesa se esvaziaram em questão de segundos enquanto Anna me puxava pelo braço. Fomos a um quarto grande, confortável e de decoração impecável, incrível para algo que estava dentro de uma montanha. Eram os aposentos de Anna. Ela começou então a me contar a verdade por trás das verdades...
Anna não fora criada pelo sangue de vários vampiros e a gula não é uma maldição, os vampiros da família Cassius são os únicos capazes de sugar o sangue de outros vampiros. O conselho não podia deixar que qualquer vampiro soubesse que seu sangue poderia ser sugado por outro vampiro, isso traria caos desnecessário, então a história que me foi contada é a versão oficial criada por Londres.  
A família Cassius se tornou uma grande ameaça aos vampiros anciões, pois ao sugar o sangue de um vampiro mais antigo que você, um morto - vivo que vem de uma geração anterior a sua, você absorve suas habilidades, absorve o potencial daquele vampiro, toma os anos de vida e suas memórias, enfim o vampiro que suga sangue de outro imortal tem este dentro de si. Durante séculos o conselho de Londres e as autoridades tentam dizimar todos os vampiros nascidos do sangue Cassius.
Elii Cassius o ancião da família, mais velho do que o próprio conselho, nascido da fome e da gula em um tempo onde vampiros eram apenas bestas selvagens, e os humanos apenas uma espécie em evolução. A história conta que um vampiro sugou o sangue de inúmeros humanos e não se saciou então ele sugou o sangue de seu criador e o sangue deste sendo mais forte e imponente dominou o vampiro se fundindo a o seu eu anterior e formando uma besta evoluída, um vampiro capaz de beber o sangue de outros amaldiçoados. Esse vampiro era Elii.
Elii vagou por séculos, sozinho na escuridão da noite eterna. Considerado um dos mais notórios assassinos da noite, dizimou o conselho de Londres em sua fundação, mas chamou atenção demais para si, por isso enfiou uma estaca em seu peito ficando em torpor até que alguém o libertasse desse sono. Foi quando uma jovem curiosa encontrou no fundo de uma caverna uma caixa velha, e dentro dela um homem pálido...
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Lances de escadas incrustados na rocha sólida da gelada montanha, iluminadas apenas por uma fraca tocha que nossa guia carregava me deixavam nervoso e excitado enquanto descíamos as escadarias em um silêncio enlouquecedor. Foi quando Luciel quebrou o gelo.
_Desculpe por não perceber suas reais intenções antes Anita!
_Não se preocupe Hellsing não é a primeira vez que você desconfia da minha conduta não é mesmo? Retrucou a mulher de cabelos ruivos.
Não quis me meter nos assuntos daqueles dois, eu era apenas um coadjuvante ali, bom pelo menos era o que eu pensava. Anita parecia muito familiar e por algum motivo sentia que tínhamos uma forte ligação e que algo grande estava por vir. Descemos andando pelo interior daquela montanha por mais de uma hora seguida quando enfim chegamos a um grande corredor que dava para um salão enorme e iluminado. No meio da enorme sala havia uma mesa e vários homens e mulheres nos esperavam, na ponta da mesa estava um homem de uma grande e marcante barba negra, que disse:
_Ótimo agora nossa reunião pode começar!
Sentamos a mesa junto de todas aquelas pessoas quando de um canto da sala surgiu uma silhueta feminina, meus olhos se regozijavam com a imagem enquanto meu coração morto palpitava como se eu ainda andasse pelo sol, era Anna, minha amada Anna.
_Garoto! Meu garoto! Vejo que cresceu bastante em pouco tempo, venha e deixe sua mãe lhe saudar! Disse Anna colocando seus olhos envolventes no fundo de minha alma.
Fui logo ao colo de minha amada, vampiros tem uma estranha forma de se relacionar com seus criadores e criados, no caso de Anna era diferente ela cravou suas presas em meu pescoço e tomou uma dose de meu sangue amaldiçoado e em seguida me deu seu pescoço para que eu também tomasse o seu sangue, assim nos ligaríamos e nos entregaríamos um ao outro como dois imortais. Para um vampiro sua ligação com seu senhor ou com suas crianças é algo muito maior do que simples parentesco, ali está alguém que irá dividir a agonia da eternidade ao seu lado se você lhe pedir, e no caso de Anna era algo ainda maior, se tratava de uma criança nascida em uma ordem diferente da natural dos vampiros, claro se é que existe algo natural para um vampiro.
Minha ligação com Anna naquele momento se tornou algo maior do que amor, tudo ao meu redor era mais vivo, eu sentia o pulsar do sangue de Anna, podia saber o que ela pensava e o que ela sentia. Meu mundo se tornou Anna e por um breve momento enquanto o sangue agia em meu sistema pude esquecer toda agonia de viver para sempre. Foi quando uma voz me tirou desse transe.
_Venham todos à mesa, vamos dar início a reunião do circulo interno! Disse o homem de imponente barba negra.


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...Viajamos metade da Europa seguindo uma pista sobre o paradeiro de Anna, Luciel vivia dizendo que o conselho estava errado e que nunca acharíamos minha criadora, mas algo me dizia que estávamos nos aproximando.Durante o caminho Luciel me contou bastante sobre a história da sociedade dos amaldiçoados, é incrível o que nós escondemos de vocês humanos, vampiros mais velhos que a própria história controlam das sombras o mundo que vocês supostamente governam, cainitas infiltrados em níveis inimagináveis da sociedade, bom isso não é assunto para nossa pequena conversa, estou correto minha donzela?
 Voltando a viagem, chegaríamos a Romênia em cerca de meio dia, Transilvânia era nosso destino, entendo esse sorriso em seu rosto amedrontado jovem mas devo lhe decepcionar não encontramos o conde Drácula em seu pomposo castelo em meio aos montes carpátos.
Quando a noite chegou já estávamos em nosso destino, um pequeno e miserável vilarejo entre as montanhas.Fomos a única estalagem das redondezas que por sinal já estava a nossa espera, ao decorrer de sua vida ou não-vida como um vampiro você aprende que o conselho de Londres não brinca quando se trata de um assunto que compromete a máscara que acoberta a sociedade dos mortos-vivos.
Luciel me disse que alguns homens avistaram uma jovem mulher entre os vales de rochas, diziam que essa mulher aparecia sempre durante a noite e levava consigo cinco ou mais pessoas que nunca voltavam.
O pequeno vilarejo nos contara onde fora avistada a jovem mulher misteriosa e então após uma pequena refeição se é que você me entende nós fomos atrás  de Anna.Andamos por horas a fim dentro dos vales rochosos mas não encontramos nem mesmo uma alma viva ou morta (fique a vontade para se deliciar com o trocadilho minha adorada).Foi quando as coisas começaram a ficar sérias, um uivo entre as montanhas assustou-nos, parecia um lobo mais era algo a mais, um grito de uma mulher seguido da risada de uma outra pessoa nos fez saber para onde ir.
Seguimos a trilha do som e chegamos ao pico de uma das formações rochosas, jaziam ali inúmeros corpos em decomposição, porém alguns corpos ainda eram frescos.Todos estavam completamente drenados, seguir os rastros de quem fez aquela carnificina com certeza nos levaria a Anna era o que eu sentia.
O cheiro de sangue era muito claro no ar, seguimos o rastro e foi ficando cada vez mais forte e evidente, só que isso não me fazia bem eu era um vampiro bem jovem fadado a uma maldição de gula, quase não conseguia controlar minha sede de sangue meu bom amigo Luciel foi de importância máxima para me acalmar e me colocar no rumo certo.Em um dado momento nos vimos cercados pelos vales de montanhas, uma leve camada de neve caia sobre nós e frio não é algo exatamente bom para um vampiro.O rastro de sangue nos levou a entrada de uma caverna no alto do pico de uma montanha, algo nos chamou atenção uma mulher sozinha parada a entrada da caverna, um dos homens do conselho desapareceu do meu lado e apareceu minha frente correndo em direção a mulher, algo aconteceu, naquele momento ainda não sabia o que mas o vampiro do conselho simplesmente teve sua cabeça arrancada e caiu em minha frente.
_ Revelem-se intrusos! Tenho sentido vocês no meu encalço desde a pedra celta, para vampiros do conselho vocês são péssimos rastreadores, a qual família pertencem? Aposto que aos porcos nojentos que vivem nos esgotos de suas cidades.
Luciel deu um passo adiante me puxando com ele, logo os outros vampiros do conselho fizeram o mesmo.
_ O conselho nos enviou em busca da pecadora! Sabe algo a respeito?
_ Pecadora? Você quer dizer minha amada Anna?Sim eu sei algo a respeito, mas não vou compartilhar com porcos imundos como vocês!!
_ Creio que tenha me interpretado de forma errônea eu sou Luciel Hellsing...Anna sentirá prazer em falar comigo, tenho negócios a tratar com ela, além disso trago comigo a criança bastarda que ela trouxe para nosso mundo.
_ Aquele garoto? Entendo, entrem!
Demos um passo a frente e um enorme emaranhado de pêlo e dentes apareceu em nossa frente, parecia com um lobo mas andava sobre duas patas e tinha cerca de três metros, mas não fez nada a mim ou Luciel, porém a besta como num piscar de olhos dilacerou os homens do conselho.
_ Lobisomem!! Muito útil não acham? Venham tem muitas coisas que precisam saber!
Entramos na caverna com aquela estranha mulher, muito bonita para estar em um lugar tão desolado, entre tantas coisas que já vi em minha eternidade aquela vampira está entre as mais lindas e encantadoras, olhos azuis como a água do mar e cabelos vermelhos como o fogo ardente, simplesmente inigualável...
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Chegou a hora de falar sobre mais um clássico do cinema dos nossos imortais sugadores de sangue.
Drácula de 1931 foi o primeiro filme oficialmente baseado na obra de Bram Stoker, como dito no post anterior Nosferatu também havia sido inspirado no livro de Stoker, porém sofreu com direitos autorais e praticamente sumiu do cinema (hoje o filme está em domínio público).
O filme apesar de ser baseado no livro, é na verdade uma adaptação da peça que Hamilton Daene e John L. Balderston escreveram para Broadway em 1927, afinal a Universal Pictures não podia pagar por uma por uma obra fiel ao livro devido a problemas financeiros durante a grande depressão norte-americana.
Drácula é um filme que cria um clima pesado, e não faz o que está passando na tela soar ridículo como outros filmes do gênero fazem.Lindos cenários sujos com uma fotografia que ilumina de forma amedrontadora.Nesse filme tudo tem seu tempo, Drácula não se apressa, é lento, bem pensado e cada movimento está em seu lugar.O longa ainda pega algumas características de filme mudo, como por exemplo, uma pessoa falar "este crucifixo"  e em seguida aparecer um crucifixo estático na mão de alguém.Era um cinema que ainda estava se acostumando a falar.
Bom o filme seria um fiasco se quem interpretasse Drácula não se adaptasse as características da produção, então o diretor Tod Browning foi buscar na peça o seu vampiro ideal.Bela Lugosi um húngaro que mal falava inglês foi escalado para fazer o papel do conde Drácula.
Lugosi é a marca do filme, seu timing era perfeito, por não falar nem uma palavra em inglês Bela Lugosi memorizou suas falas foneticamente e isso resultou em uma interpretação aterrorizante.Ele falava de forma pensada e com um ritmo assustador, seu olhar fixo e dominador e seu charme macabro fizeram dele um ícone dos filmes de terror.O livro de Stoker não mencionava um vampiro com um falar pausado e sinistro, mas isso se tornou uma característica dos vampiros após a interpretação de Lugosi, isso e seu olhar misterioso.
Drácula de 1931 é um dos melhores filmes de vampiro, apesar de ter algumas falhas como um final muito simples.A obra serviu de inspiração para futuras gerações e marcou o nome dos vampiros no cinema.

 A interpretação impecável de Bela Lugosi o transformou num ícone do cinema e em inspiração para muitos !


Sinopse: Na noite sinistra dos "Walpurgis", após uma travessia de carruagem pelos Montes dos Cárpatos na Europa Central, o advogado Renfield chega ao castelo do Conde Drácula na Transilvânia. Sua missão é finalizar o contrato de aluguel de uma propriedade em Londres, a abandonada Abadia Carfax, para o Conde. Ele não sabe mas seu nobre anfitrião é um vampiro, que se alimenta de sangue humano e só pode sair à noite, seja como um humano, ou transmutado em um morcego, lobo ou mesmo uma espessa névoa. O Conde deixa Renfield inconsciente com uma droga misturada a um vinho, o hipnotiza e o transforma em seu escravo. Renfield cuida para que Drácula seja transportado em seu caixão por navio, o Vesta, até Londres. Ao chegar ao porto da cidade britânica, a tripulação do Vesta está toda morta e o único aparente sobrevivente é Renfield, completamente enlouquecido e se alimentando do sangue de pequenos animais. Ele é enviado a um manicômio, enquanto Drácula começa seu ataque aos londrinos. Drácula atrai Mina Seward, filha do Dr. Jack Seward e que cuida do manicômio. Quando Mina passa a agir estranhamente, o Dr. Seward chama seu amigo, o Dr. Abrahan Van Helsing, que percebe que a moça foi vitimada por um vampiro. Ele encontra Drácula e logo o identifica como sendo a criatura que atacou Mina, pois o conde não reflete no espelho e sente repulsa por uma erva (que depois seria traduzido por alho). Então juntamente com o irmão de Mina, John, eles tentam impedir que o maligno conde continue com seus planos inumanos

ELENCO:
Bela Lugosi como Conde Drácula
Helen Chandler como Mina Harker
David Manners como John Harker
Dwight Frye como Renfield 
Edward Van Sloan como Abraham Van Helsing
Hebert Bunston como Doutor Jack Seward
Frances Dade como Lucy Weston 
Joan Standing como Briggs
Charles K. Gerrard como Martin


Segue o link do filme no youtube




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...Londres não era exatamente linda naquele tempo, e longe de estar nos padrões de higiene também.Bom era o começo de uma revolução industrial, a cidade estava em desenvolvimento, os teares davam lugar as fábricas e a vida das pessoas estava se transformando.Os marginais tomavam conta das ruas, e a pobreza fazia parte da vida de  quase toda a população da cidade.
Luciel me levou para conhecer a cidade, para que eu me acostumasse com a vida na capital londrina e para me ensinar a caçar e me alimentar de forma segura e discreta.A cidade era de longe o meu sonho de consumo, os bairros operários eram um emaranhado de cortiços onde a pobreza era sempre vista e a marginalidade era constante.Fomos a um bordel da cidade onde vampiros não precisavam se esconder, as proprietárias do local tinham acordos firmados com a aristocracia dos vampiros de Londres.
Encontramos um amigo de Luciel, que dizia ter quatrocentos anos de idade, mas sem interesses na reunião dos anciões, conversar com um vampiro mais velho foi uma boa experiência.Ele me disse que o impulso que a besta nos faz é controlável, dizia ele que chegou a conhecer vampiros que conseguiram controlar o impulso pelo sangue e até chegaram a andar no sol novamente.
As garotas do bordel eram pagas para que os vampiros da cidade pudessem se alimentar, mas algo me dizia que aquilo não iria me satisfazer, por algum motivo eu preferia a caça.Luciel chamou uma garota para nossa mesa que me ofereceu seu pescoço, senti o sangue pulsando nas veias da meretriz , seu coração batia em ritmo acelerado, não pude me conter e cravei minhas presas no pescoço da jovem e continuei sugando o seu sangue até o ponto de secar, não foi suficiente eu queria mais sangue, me levantei peguei outra.Quando me dei conta tinha tomado todo o sangue do corpo de cinco prostitutas.Luciel conversava com a responsável pelo local sobre o incidente e eu estava preso por correntes que queimavam minha pele, mas algo esta errado, comecei a sentir uma fome ainda maior do que aquela que senti quando me alimentei pela primeira vez, meus esforços para romper as correntes foram totalmente em vão, lembro de alguém me dizer:
_Desista filho, não vai conseguir se livrar da prata!
Desesperado implorei a Luciel que tirasse as correntes de mim e me deixasse caçar, ele negou o pedido e disse que eu já havia tomado sangue o suficiente para me manter por dez dias, parecia besteira perto da fome que eu ainda sentia.Fui levado à mansão do príncipe e colocado a frente do conselho dos anciões de Londres.
O lugar me fazia sentir tão pequeno e fraco quanto uma formiga perante um elefante. Eu não podia ver ninguém, apenas ouvi as vozes me dizendo que a maldição da gula era consequência do sangue de Anna, a voz apenas disse:
_Anna é conhecida pelos vampiros que sabem de sua história como a “pecadora”, creio ser o dever desse conselho contar a você jovem criança tudo sobre sua senhora.Anna foi a causa da discórdia entre as treze famílias geradoras da atual aristocracia cainita, era apenas uma humana quando teve contato com o mundo dos amaldiçoados.Anna foi até um dos vampiros mais influentes do tempo e lhe pediu para que fosse transformada em sua criança, o vampiro recusou afinal era um nobre e não sentia prazer nenhum em passar sua maldição adiante.Então Anna foi a outro vampiro e disse que o vampiro anterior lhe ofereceu um desafio, se ele honrasse suas presas iria ao encontro do nobre para um duelo. Essa ação gerou uma guerra entre os vampiros e fez com que treze estacas fossem enfiadas nos corações dos treze vampiros daquela geração, dizem que alguns escaparam deste torpor, outros dizem que esses vampiros mitológicos ainda estão espalhados pelo mundo em seu sono até que alguém retire a estaca de seu coração morto. Como queria Anna foi transformada em um vampiro, porém não foi um rito tradicional, não foi usado somente o sangue de um vampiro para trazê-la ao nosso lado, todos os treze vampiros deram seu sangue a Anna, eles concordaram que era um castigo apropriado para ela ser filha de treze famílias rivais, não sabiam eles que o sangue de tantos vampiros traria a nossa sociedade uma maldição, a gula, um vampiro que vive sobre a influência da gula não consegue se livrar do impulso da besta, ele não para de beber sangue até que se sinta satisfeito.Essa maldição , essa praga gerada pela pecadora gerações atrás é perigosa e pode ameaçar a segurança de nossa sociedade.Anna é uma vampira muito antiga e tem seus truques para se esconder do conselho.Garoto, você sairá em busca de Anna  a mando do conselho dos anciões de Londres e a trará para nós, seu laço com ela deve ser suficiente para que a encontre.É sua responsabilidade trazer a nós a pecadora, nem que para isso precise cravar uma estaca em seu peito.Não se preocupe você não vai viajar sozinho, você irá junto de uma escolta para sua proteção e para seu controle e leve Luciel com você ele tem interesse em encontrar Anna.Não falhe com este conselho criança, ou se arrependerá amargamente...

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 Pensando com meus botões e olhando alguns artigos na net, decidi fazer alguns posts falando sobre os clássicos do cinema "vampiresco". Começando por Nosferatu filme mudo alemão dirigido por Friedrich Wilhelm Murnau ,um dos grandes do "expressionismo alemão". 
O filme é magnifico, sua ambientação ,o clima fúnebre, sua fotografia monocromática e granulada. Sem falar é claro na interpretação de Max Schreck que faz um vampiro repugnante e assustador , mas capaz de provocar pena em alguns momentos, porém em pouco tempo causar repulsa e voltar a pose de um simples parasita.
Nosferatu foi livremente baseado no livro Drácula de Bram Stoker, porém com algumas diferenças, tais como o nome de alguns personagens , Drácula em Nosferatu é o conde Orlok .
O filme quase se extinguiu antes mesmo de virar o clássico que é hoje, houveram problemas com direitos autorais por Murnau ter se baseado na obra de Stoker sem permissão, mas alguma cópias da obra se salvaram  e foram trabalhadas e lançadas. 


SINOPSE: Em 1838, Hutter, agente imobiliário que mora em Wisborg (referência a cidade atual de Wismar), atravessa os Montes Cárpatos para vender uma casa em sua vizinhança ao proprietário de um castelo no Mar Báltico, o excêntrico Conde Orlock. Orlock é na verdade um milenar vampiro que, buscando por mais sangue, quer se mudar para a Alemanha. Ao chegar na propriedade que comprou, ele traz consigo grande terror e os habitantes acham que estão sendo vítimas da peste. A única que pode salvar as pessoas dos ataques do vampiro é Ellen, a esposa de Hutter, visto Orlock se sentir atraído por ela.

ELENCO:
Max Schreck como Conde Orlok / Nosferatu
Greta Schröder como Ellen Hutter
Karl Etlinger como Matrose
John Gottowt como Professor Bulwer
Ruth Landshoff como Lucy Westrenka
Georg H. Schnell como Westrenka
Gustav von Wangenheim como Thomas Hutter
Gustav Botz como Dr. Sievers



                       Nosferatu pra muitos é o melhor filme de vampiro de todos os tempos!!


                     Segue o link do filme no youtube (já vi várias vezes e recomendo ^^)
                                  http://www.youtube.com/watch?v=m1qgZedFWIo
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...Fiquei estagnado olhando fixamente pro vampiro em minha frente, não consegui dizer nada, ele era muito diferente de Anna.Enquanto a vampira me instigava com seu olhar envolvente, aquele homem me fazia hesitar, me fazia perceber que eu era muito pequeno e fraco perante ao mundo que se abria a mim.
_Garoto! Não ouviu? Um pouco de vitae faria bem não acha?
_Vitae?Desculpe mais não consigo compreendê-lo.
_Nossa você é mais jovem do que eu pensava, seu senhor não lhe ensinou nada sobre a nossa sociedade?
_Meu senhor? Se está se referindo ao meu criador, eu não sei onde ela está. Seu nome é Anna.
_Anna? Entendo, então você é uma criança daquela anarquista.Faz sentido ela ter lhe abandonado, porém você precisa de proteção garoto, alguém precisa lhe mostrar a sociedade dos imortais até que você possa seguir com sua próprias pernas.Ficaria honrado de cuidar de uma criança daquela mulher.
_Desculpe, mas receio não poder aceitar a sua tutela, peço apenas que me diga o que sabe sobre Anna.
_Não me entenda errado garoto, eu não disse que era opcional vir comigo.Então venha e siga viagem comigo, lhe contarei sobre Anna no momento certo.
Nesse momento eu percebi que o melhor a se fazer era ir com aquele vampiro, seria realmente útil para mim conhecer melhor o mundo dos imortais.
_Certo aceitarei sua ajuda, se puder me dizer o seu nome!
_Desculpe minha falta de modos.Me chamo Luciel , poderia me dizer o seu ?
_Edgar
Mais tarde eu descobriria que o sobrenome de Luciel era de uma família muito antiga, que tinha tradição de formar seus homens caçadores de vampiros.Essa família tinha uma insígnia que era carregada por todos os caçadores.Isso não é assunto para o momento.
Dentro de poucos dias nós partimos de minha amada Veneza, Luciel dizia que não era seguro continuar naquela cidade, ele me explicou que cada cidade tinha um príncipe, um vampiro do alto circulo que era escolhido por um conselho de velhos anciões para tomar as decisões e ser o juiz de cada lugar.E o príncipe de Veneza estava furioso com os vampiros descuidados que estavam causando problemas, e Luciel era um desses, após deixar uma vitima fugir, ela espalhou boatos sobre ele ser um sugador de sangue.
Nosso destino era Londres, meu acompanhante dizia que era a melhor cidade para se treinar um vampiro jovem como eu.Foi uma longa viagem até Londres, não pretendo entrar em detalhes, pois creio não serem necessários e temos poucas horas antes do sol nascer.
Chegamos ao nosso destino e já era noite, perfeito para realizarmos nossas ambições. Luciel foi logo ao encontro de seu amigo o príncipe de Londres , um vampiro muito velho e de muita influência. Não tivemos dificuldades para encontrá-lo, meu amigo sabia muito bem onde ir. Chegamos a uma grande residência em uma estreita avenida, fomos recebidos muito bem pelos empregados da casa.Nos sentamos em uma sala muito bonita e bem organizada, dois guardas atrás de nós nos informaram que o príncipe estava a caminho.
Para minha surpresa o príncipe de Londres era uma mulher.Alta, longos cabelos amarelos, olhos azuis e encantadores, um ar de impiedosa.Sua presença era quase sufocante para mim.
_O que traz meu velho amigo novamente aos meus domínios? O que fez desta vez Luciel?
_Majestade, peço apenas a sua proteção e a permissão para que viver novamente na cidade.Tenho comigo uma criança que foi criada a partir do sangue da pecadora, e ele precisa de cuidados, precisa aprender a sobreviver e além de tudo precisa ficar escondido de Samuel.
_Anna criou um cainita? Aquela irresponsável sabe a maldição que o seu sangue traz para as suas crianças, se esse garoto não for instruído de maneira a conter sua besta, nossa máscara estará seriamente comprometida.
_Exatamente por isso que estou lhe pedindo por proteção, sua cidade é a melhor para se criar um vampiro jovem, aqui ele poderá a controlar os impulsos da maldição da gula e controlar sua besta.
_Estamos de acordo Luciel, farei de você o senhor e responsável pela criança de Anna.Enquanto isso falarei ao conselho, e verei o  que os anciões decidiram sobre Anna.
Fiquei de certa forma assustado com a conversa dos dois, o sangue de Anna carregava uma maldição e essa mesma havia sido transmitida a mim. Eu não sabia o significado, mas dentro de poucas horas eu descobriria o que as palavras Gula e Besta queriam dizer...
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      ... Entenda que não é nada pessoal, apenas prefiro passar os últimos momentos de minha eternidade na presença de algo vivo. Se você não se importar de ouvir minha história antes do nascer do sol seria de bom grado querida.
  Acredito que tudo começou a desmoronar quando eu a conheci. Anna era seu nome ou pelo menos como dizia se chamar, nos conhecemos no verão de 1810 em Veneza.Sua beleza envolvente logo me fez fatalmente apaixonado por ela, essa paixão foi o que me trouxe a esse momento.
  A primeira vez que a vi foi durante uma noite em um beco escuro da cidade, ela tinha sangue em suas vestes e um olhar apavorado, logo que percebi corri em sua direção e perguntei se estava bem, o que tinha acontecido com ela.
_Não tem medo que a escuridão lhe tome sua liberdade jovem rapaz? Apesar de assustado  com essas palavras não conseguia parar de olhar para os olhos de Anna.
_Diga algo garoto, não sabe como agir na presença de uma dama?
_Peço que perdoe minha falta de modos senhorita, mais a situação em que se encontra me deixou confuso.
_Isso? Não se preocupe já tive noites piores.
  Eu não sabia como agir, já havia tido com outras mulheres mais nunca me senti tão envolvido como eu me senti naquele beco escuro com aquela misteriosa jovem.
_Seria justo que me levasse a uma hospedaria, não acha que o dever de um cavalheiro é acompanhar uma dama e ajudá-la quando necessita?
_Concordo, Poderia me dizer o seu nome jovem senhorita?
_Anna!
  Em toda minha existência esse foi momento jamais me saiu da memória, pois foi o acontecimento que mudou tudo para mim. Acompanhei Anna até uma hospedaria sem conseguir tirar meus olhos por um segundo dela. Ela insistia que era perigoso para mim saber o que havia acontecido com ela, mais quanto mais ela se negava a contar mais intrigado eu ficava, todos os meus instintos me diziam para desvendar os mistérios daquela jovem.Me despedi da misteriosa senhorita e segui meu caminho.
 Apesar de não conseguir tirar Anna da cabeça e de ainda estar intrigado com as palavras que ela me disse, segui normalmente minha vida pelos dias seguintes. Algumas semanas depois de conhecer Anna, veio à taverna onde eu trabalhava um homem de aparência pálida, vestia uma capa e um chapéu extravagante que o faziam ser notado.
_Estou a procura de uma jovem de cabelos negros e cacheados, olhar envolvente e boa lábia, será que algum de vocês ratos pode me ajudar?Ele disse mais nenhum dos bêbados e moribundos da taverna soube responder. Eu não podia simplesmente dizer que sabia onde estava a jovem que ele procurava, não antes de descobrir quem ela era. Então naquela noite eu segui o homem de capa até que ele se encontrou com outros dois homens estranhos, um deles parecia um sacerdote ou um padre, o outro era alto truculento parecia um troglodita, e todos tinham a mesma insígnia em suas roupas. Fiquei escondido e ouvi o que diziam.
_Samuel não podemos perder o rastro dela novamente! Dizia o sacerdote ao homem que vi na taverna.
_Não se preocupe senhor esse monstro não fugirá de nós novamente.
 Aquelas palavras arrepiaram – me, como podiam dizer que aquela jovem era um monstro? Me perguntei se ela seria uma herege ou talvez uma promiscua, mais depois comecei a pensar nas palavras dela e como ela havia se referido a escuridão, isso me deixou mais intrigado do que eu estava.
Nos dias seguintes correram boatos na cidade de pessoas que tiveram seu sangue sugado até a morte. Isso incendiou minha curiosidade e me fez tomar uma decisão , eu iria atrás de Anna e descobriria quem ela realmente era.
        Esse foi o meu maior erro...
O dia ainda estava claro, porém o crepúsculo se aproximava quando fui até a hospedaria onde havia deixado Anna.O dono da pousada me disse que ela se trancava no quarto durante o dia e só saia de lá depois que o sol se punha e retornava ao amanhecer.
Sai então pela cidade, naquele dia resolvi não aparecer na taverna até porque já havia me cansado daqueles bêbados imundos que sempre estavam por lá, tomei uma gôndola e fui ate o beco escuro onde encontrei com Anna pela primeira vez, uma mulher esperava por alguém mas não era Anna, era bem jovem estava aflita ,roia as unhas.Me aproximei, perguntei se conhecia quem eu procurava.
 _Ela te mandou? Você irá me sugar hoje? Por favor faça logo eu não agüento mais esperar.
 Essas palavras me assustaram, Anna era quem sugava as pessoas da cidade?Ela era o assassino de quem todos falavam.
_Se está pensando que eu sou a pessoa dos boatos jovem rapaz, saiba que está enganado, mas lhe digo há mais coisas nas sombras deste mundo do que você possa contar.
Era Anna, ela estava diferente seu rosto estava pálido, pele tão branca que era possível ver os o sangue correndo em suas veias, Seu olhar envolvente era agora substituído por um olhar de agonia, ela parecia se segurar, era como um predador se segurando para atacar na hora certa, naquele momento senti que minha vida não significava nada perante Anna.
Em questão de segundo Anna foi das minhas costas ao pescoço da garota e cravou seus dentes na jugular e começou a beber o seu sangue, a menina parecia sentir um grande êxtase com a mordida em seu pescoço.Tudo fez sentido para mim, aqueles homens estranhos que procuravam  Anna na taverna eram caçadores e ela era um vampiro, o monstro das lendas realmente existia.
Anna terminou sua “refeição” e então sua pele voltou ao que era, seu olhar apaixonante e ardente voltou a sua forma, mas alguma coisa estava errada a vampira parecia se segurar muito para não sugar mais sangue da garota, sua expressão era de dor.Anna se voltou para mim e começou a falar.
_Garoto eu vou lhe dar duas opções, eu posso apagar sua memória aqui mesmo e você não se lembrará do que viu, ou você pode morrer.Escolha!
Eu não podia esquecer aquela mulher, não eu sabia que ainda viveria muitas coisas ao lado de Anna, eu estava completamente apaixonado por um ser sobrenatural.
_Me torne uma de você! Me torne um vampiro...
Acordei em um lugar escuro e apertado, porém de certa forma confortável, aos poucos fui descobrindo onde estava até que chegou a conclusão: era um caixão.Após pedia a Anna que me tornasse um vampiro eu acordei em um caixão, não sabia onde estava, não conseguia me lembrar de absolutamente nada do que acontecera depois de ter encontrado a vampira, mas tudo indicava que eu havia me tornado um deles.Felicidade ,ódio,misturados a vários outros sentimentos tomaram conta de mim, meu coração estava parado, mais eu continuava vivo, eu estava morto, tecnicamente morto.
Bom eu tinha que sair daquele caixão e descobrir o mundo novo que se abria a minha frente.Eu simplesmente empurrei a tampa de madeira e ela se quebrou e a caixa de madeira se preencheu com a terra, mais não era muita terra eu havia sido enterrado em uma cova rasa, eu apenas saltei e já estava fora do caixão,por sorte era noite.Tudo estava diferente, as cores mas fortes, os sons mais aguçados, eu podia sentir o quanto tudo em mim estava aguçado, ser um vampiro era tudo que eu sempre sonhei ,mas logo descobriria os contras dessa transformação.
Em poucos instantes tudo que parecia tão belo perdeu a cor, todo bem que eu sentia foi substituído por raiva e a fome, a fome, essa é uma peculiaridade da transformação em vampiro, nos primeiros instantes após o despertar uma fome enorme toma conta de todo o seu ser e a besta presente em todos os vampiros se mostra.
Depois que fome começou a tomar conta de mim eu apaguei e acordei em minha casa,  no chão estavam, minha mãe,pai , e irmãos, todos mortos e com buracos de presas no pescoço, eu estava coberto de sangue e minha fome tinha desaparecido, tudo voltou a parecer belo meus sentidos intensificados.Eu não sentia remorso algum por ter matado meus familiares, pra mim eles pareciam apenas refeição, humanos eram apenas o meu rebanho. Eu havia me desligado de minha humanidade e me transformado num monstro sugador de sangue.
Ainda tinham alguma horas de escuridão e eu já havia preparado o porão de minha casa para me esconder quando chegasse o nascer do sol, as lendas diziam que vampiros queimam no sol e Anna se escondia dele então eu também deveria evitá-lo.
Sumir com os corpos de minha família foi extremamente fácil, apenas os levei para o cemitério da cidade e os enterrei quando não havia mais ninguém nas ruas.Agora era hora de encontrar aquela que me deu essa nova vida ,Anna.
Fui novamente a hospedaria e perguntei por Anna, o dono do local disse que não via a garota desde a noite anterior, agradeci ao velho senhor e tornei a perambular pela cidade.Tudo era tão diferente eu sentia uma liberdade que jamais sentira antes, pensava que podia fazer qualquer coisa.
Aos poucos comecei a pensar que Anna não estava mais na cidade, eu temia muito isso afinal eu era um vampiro recém criado e precisava de alguém para me guiar, alguém para ser meu senhor, sem falar que meu amor por Anna não desaparecera junto com minha humanidade então eu precisava encontrá-la.Andei pelas ruas da cidade por algumas horas, então ouvi um grito, parecia distante mas ainda assim eu podia ouvir claramente.
_Calado! Irei sugá-lo até a ultima gota do seu sangue, mero mortal.
Eu podia ouvir com clareza o que estavam conversando, já sabia que não era Anna, pois era uma voz masculina que disse essas palavras.Corri para lá e em poucos instantes eu estava diante de um homem que cravava suas presas no pescoço de um jovem rapaz.
_Você quer me acompanhar nessa bebida ou vai ficar apenas olhando novato?
...
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